TRISTE SINA
Ângela Maria
Crespo
Eu sou aquela
que mora na tristeza,
Que tem a
amargura como ventura,
Que a vida não concede beleza,
Que vive o amargor sem ruptura.
Sou aquela que caminha esquecida,
Que da sorte desvia-se sem
pouso,
Que não tem asas para a acolhida,
E nem, mero ninho para repouso.
Do céu sou andorinha desgarrada,
Do mar a vaga que exprime o pranto,
De uma
flor a pétala arrancada.
Sou a folha
que o outono carregou,
E, não restou o regaço de um riacho,
Para suster o caos que a ameaçou.