Súplica da Criança
Senhor !...
Disseram os homens que me queriam
tanto,
mas ao atingir-lhes a casa, não dialogaram
comigo, segundo as
minhas necessidades.
Quase todos me ofereceram um berço
enfeitado,
mas poucos
me deram o coração.
Afirmam que devo procurar a felicidade,
entretanto,
não sei como fazer isso, se os
vejo a quase todos sofrendo e
rebelando-se
por não aceitarem as disciplinas da vida.
Escuto-lhes as
lições de paz, contudo,
acompanho-lhes as rixas em vista de estarem
sempre
exigindo o maior quinhão de recursos
da Terra. Recomendam-me buscar a
alegria, mas,
muitas vezes, observo que esta misturado de
lágrimas o leite
que me estendem. Erguem
palácios para mim, no entanto, entre as
paredes
dessas mansões coloridas e belas,
renovam, a cada dia, reclamações e
queixas
que não sei compreender, nem registrar.
Explicam que preciso
praticar o perdão e ,
ao mesmo tempo, muitos me mostram como
exercitar a
vingança.
Senhor !...
Que será de mim, neste grande mundo
que
construíste entre as estrelas, sempre
adornado de flores e aquecido
pelo Sol, se
os homens me abandonarem ?
Faze que eles reconheçam que
dependo deles
como o fruto depende da arvore. E, tanto
quanto seja
possível, dizer-lhes, Senhor,
que terei comigo apenas o que me derem e
que
posso ser, enquanto estiver aqui,
unicamente o que eles são.
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