PRESSÁGIO
Ângela Maria Crespo
Hoje, teus carinhos me
ofereces,
e, desvairada de amor, eu
te desejo.
És bem feliz no sonho que
entreteces,
eu não sou menos, neste meu ensejo.
Se às vezes me exaltas e
aborreces,
isso não passa de travesso amuo.
Depois, teus desatinos reconheces,
fazes-me uma carícia, e eu retribuo...
Mas, um dia, exilada de tua
caricia.
Conhecerei, sem duvida, a
inconstância
desta felicidade que, sempre foi fictícia.
E, de tudo, uma vaga ressonância
é o que me restará, como o
gorjeio
de um pássaro perdido na distância.