A AREIA E O SALTO
A
areia escorre pelos meus dedos ,
metáfora da vida que se vai ,
do
passado só sobram alguns grãos ,
grudados na palma , vãos guerreiros do
tempo ...
O mar
á frente gera novas ondas ,
nenhuma igual a que passou ,
a ampulheta não
pode ser virada ,
se a vida é um jogo , não são nossas as regras.
As
chances são sempre únicas
se aparecem outra vez , são apenas clones
como
somos nós , clones do que éramos na
primeira vez , aparentemente idênticos ,
mas com cicatrizes diferentes.
O amor é uma dupla de trapezistas
saltando vendados , sem rede
esperando a segurança da mão do seu par
ou a distância abissal da queda
Um
eterno revezamento entre barco e cais ,
enquanto um se aventura
o outro
é porto seguro ,
o momento da calmaria.
Saltar
é preciso
mesmo que um salto preciso
precise de uma mão precisa
precisamente na hora exata.
Se
tirarmos a venda da paixão
mutilamos mortalmente a emoção
saltos
calculados não são amor
não possuem seu glamour , nem seu sabor
Amar é
pular sem olhar
é acreditar na sua convicção
ter sua própria e louca
razão
mesmo que a platéia grite : Não !
Já
subimos os degraus da torre
eles como por encanto se partiram
impedindo
nossa volta
já estamos vendados ...
A
areia da ampulheta acabou
nosso tempo de escolhas se esvaiu
eu vou
saltar ...
venha ....
Leonardo Andrade - 1999
Voltar
Envie esta página para um amigo