Obrigado, Senhor!
Muito obrigado, Senhor,
Pelo que me deste, em forma de
amor,
Muito obrigado pelo que me
dás,
Pelo ar, pelo pão, pela
paz.
Muito obrigado, Senhor, pelos meus
olhos,
Que vêem o céu, a terra e o
mar,
Que acompanham a ave
ligeira,
Que corre fagueira, pelo céu de
anil
Que se detém na terra
verde,
Salpicada de
flores,
Em tonalidades
mil.
Obrigado,
Senhor,
Porque eu posso ver o meu
amor,
Diante da minha
visão.
Eu me detenho a fitar na
imensidão
Os que choram na
escuridão.
Oro por eles, cegos que
estão,
Na certeza que na outra
vida,
Depois desta
vida,
Eles também
enxergarão.
Muito obrigado,
Senhor,
Pelos ouvidos
meus,
Ouvidos que ouvem o
tempo,
O pingar da chuva no
telheiro,
A melodia do
vento,
Dos ramos no
salgueiro.
As lágrimas que
vertem
Dos olhos do mundo
inteiro;
Ouvidos que
ouvem,
A melodia do
povo,
Que desce o
morro.
Da praça a
cantar,
E a voz dos
imortais,
Que se ouve uma
vez,
E ninguém olvida nunca
mais.
Pela minha felicidade de
ouvir,
Deixa-me pelos surdos
pedir,
Eu sei que depois desta
prova
Na vida nova,
Eles também poderão
ouvir.
Muito obrigado,
Senhor,
Pela minha voz,
Mas também pela Sua
voz.
Pela voz que
ama.
Pela voz que ajuda e
declama.
Pela voz que
ensina,
Que alfabetiza, que
ilumina.
Pela voz que canta uma
canção,
Diante da minha
melodia
Eu ouço na
treva,
Os que choram uma
fatia
Não cantam de
noite,
Nem falam de
dia.
Torno por eles a
orar,
Porque eu tenho
certeza,
Que depois desta
provação,
Na outra vida poderão
cantar.
Muito obrigado,
Senhor,
Pelas minhas
mãos,
Mãos que aram,
Mãos que
trabalham,
Mãos que malham,
Mãos que
agasalham.
Mãos de amor,
Mãos de ternura,
Mãos que libertam de
amarguras,
Mãos de
caridade,
De
solidariedade,
Mãos do adeus
Que escrevem poemas de
carinho,
Que trabalham a pedra e fazem
estatuas
Que pintam
beleza,
Copiando a
natureza.
Mãos que assinam
decretos,
Que fazem leis de
justiça,
Que escrevem livros de
libertação.
Mãos!
Que estreitam
mãos,
Que limpam
feridas,
Que ajudam as
mães,
Que libertam
vidas,
Mãos!
Que no seio
agasalham,
O filho de um corpo
alheio,
Sem receio.
E pelos pés, sei me
levantar,
Sem reclamar,
Obrigado Senhor,
Porque eu posso
andar.
Diante do meu corpo
perfeito,
Eu me ponho a
louvar.
Porque, respondo eu na
terra,
Os que são
infelizes,
Aleijados,
marcados,
Amputados, deformados,
desolados;
E eu me posso
movimentar.
Tem deles compaixão, eu
sei,
Que depois dessa
expiação,
Eles também
bailarão.
Muito obrigado
Senhor,
Pelo meu lar,
É tão maravilhoso Senhor, ter um
lar,
Ter em casa alguém a nos
amar.
Pode ser uma
mansão,
Uma tapera,
Uma favela,
Um bangalô
Uma casa de
amor.
Um ninho,
Uma casa no
caminho,
Ou seja lá o que
for,
Mas que haja
amor.
Amor de mãe,
Amor de pai,
De esposa, de marido e de
irmão,
Alguém que nos dê a
mão.
A presença de um
amigo,
O olhar de um
cão,
Dói tanto a
solidão.
Mas se eu não tiver ninguém para me
amar,
Nem um teto par me
agasalhar,
Uma cama para deitar,
Uma casa para
morar.
Se eu nada
tiver,
Nem aí me
desesperarei,
Pelo contrário, bem
direi,
Levantar-me-ei,
E então
cantarei.
Obrigado,
Senhor,
Porque creio em
Ti,
Muito obrigado porque
nasci,
Pelo Teu amor,
Obrigado Senhor,
Muito obrigado,
Senhor!
Obrigado, Senhor!
Mensagem proferida por Divaldo Pereira Franco
em Barretos- S.P. 05/04/1980