NADA ME
RESTA
Ângela Maria
Crespo
Num dia que me
sentia amargurada,
Surgiste em minha vida, poeta meu,
E eu, que só possuía a paz do Nada,
Meu coração salvaste como Teseu.
Teu amor de valor
real e inusitado,
Era como uma
dádiva do Empíreo,
Mas, quando quis reter-te, amado,
Voltaram os meus dias de martírio.
Teu coração que era aventureiro,
Buscou alegrias também ao além,
E, eu ofuscada, perdi meu luzeiro.
Resta-me
a lembrança de alguém,
Que brincou como um ser matreiro,
E conserva meu coração um refém.