O
M U R O
Ângela Maria Crespo
Olhando da minha janela aquele muro,
Apiedo-me! antes alvo como um lírio,
Hoje, coberto de manchas, escuro,
Parece querer gritar seu martírio.
Mas, enquanto a humanidade o ignora ,
E com total sadismo lança-lhe sua ira,
repousa quase alheio ao meio que deplora,
finge que, tudo ao seu redor é uma mentira.
Também meu coração era assim puro,
lembrava muito as brancas açucenas,
Sonhava, e via tudo belo em meu futuro.
Mas, tendo padecido de iguais penas,
hoje,sou impassível como aquele muro,
Perante a vida e as aflições terrenas.
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