ENCONTRO MARCADO


Quando a aflição lhe bateu à porta, o discípulo tomou
as noticias do senhor e leu-lhe a promessa divina:

“Estarei convosco até o fim dos séculos...”

Acendeu-lhe a esperança no imo d'alma.
E, certa manhã, partiu à procura do mestre, à feição
da corça transviada no deserto, quando suspira pela
fonte das águas vivas.

Entrou num templo repleto de luzes faiscantes, onde
se lhe venerava a memória; todavia, não obstante
sentir que a fé aí brilhava entre cânticos reverentes
e flores devotas, não encontrou o Divino Amigo.
Buscou-o nos vastos recintos, onde se lhe pronunciava
o nome com reflexão de supremo respeito; contudo,
apesar de surpreender-lhe o ensinamento puro, no
verbo daqueles que sobraçavam dourados livros,
não lhe anotou a presença.

Na jornada exaustiva, gastou as horas ...
Em vão, atravessou portadas e colunas, altares e jardins.
Descia, gélida, a noite, quando escutou os gemidos
de uma criança doente, abandonada à sarjeta.
Ajoelhando-se, asilou-a amorosamente na concha
dos próprios braços.
Ao levantar os olhos, viu Jesus, diante dele.
Fremente, bradou:

- Mestre! Mestre!...


O excelso benfeitor afagou-lhe a cabeça fatigada,
como quem lhe expungia toda a chaga de angústia,
e falou, compassivo:

- Realmente, filho meu, estarei com todos e em
toda a parte, até o fim dos séculos; no entanto,
moro no coração da caridade, em cuja luz tenho
encontro marcado com todo os aprendizes
do bem eterno...


Debalde, tentou o discípulo reter o Senhor de
encontro ao peito...
Através da neblina espessa das lágrimas a lhe
inundarem o rosto mudo, reparou que a celeste
visão se diluía no anilado fulgor do céu vespertino,
mas na acústica do próprio ser, ressoavam para
ele agora as palavras inesquecíveis:

- Toda vez que amparardes a um desses pequeninos,
por amor de meu nome, é a mim que o fazeis...

 

Meimei

 

Voltar

 
 
 

Clique aqui para enviar esta página para seu amigo(a)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



.